terça-feira, 11 de agosto de 2009

Estou procurando apartamento. E na busca encontrei uma figura rara. Um velhinho fofo que quer deixar seu lar para voltar para Israel. Perdeu a mulher e não quer mais viver no lugar onde eles moraram por anos. Não quer nem a mobília, o negócio inclui tudo o que tem dentro (exceto pelo fogão, que ele aluga).
Na compra eu ganharia uma porta blindada, móveis comprados em exposições no Ibirapuera, torneiras com água quente e um armário lotado de azulejos - que ele comprou em excesso para garantir a reposição caso algum da casa estragasse. E cada peça e capricho ele mostrava com orgulho. São os tesouros construídos por amor àquele apartamento e ao seu lar.
Não sei se quero o apartamento, nem se gosto da ideia de ter uma porta blindada, os móveis não têm nada a ver comigo, mas fiquei morrendo de vontade de fechar negócio com ele. Só pelo carinho que criei por aquele senhor. Segurei minha risada várias vezes enquanto ele explicava a importância de ter uma porta blindada, mas entendi a preocupação.
Acho que ninguém tão doce teria uma casa que não fosse calorosa. E passei a tarde pensando nele. No amor com que ele falava da mulher, na forma como explicava com todos os detalhes os quatro cantos do apartamento. Enfim, acho que vou sonhar com o seu Abraão essa noite.

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